Entrevista com Fábio Veríssimo

“Espero ter a sorte de poder levar aquilo que canto a toda a parte do mundo”

 

O jovem fadista de Alcácer do Sal brilhou na cerimónia de apresentação dos novos embaixadores do Alentejo, que decorreu no passado dia 16 de Setembro, na pousada D. Afonso II. Fábio Veríssimo pretende gravar o seu primeiro CD e no dia 30 estará a actuar na Feira Nova de Outubro, na sua terra.

 

Florindo Cardoso

Setúbal Mais – Como começou o gosto pelo fado?

Fábio Veríssimo – Desde pequeno que sempre tive muito gosto pela música e de cantar. Ouvi sempre todo o tipo de música, mas sempre tive um carinho especial por fado. Com o passar do tempo, o gosto pelo fado sempre se manteve e foi crescendo cada vez mais. Alias, cheguei até a cantar música popular portuguesa, mas por pouco tempo. Sempre que estava entre amigos nos nossos jantares pediam-me sempre para cantar fados e modas alentejanas. Certo dia, um amigo convidou-me para fazer parte do elenco da noite de fado que se preparava para organizar no seu restaurante. Não tive direito a responder, considerou logo que sim, e não aceitava um não como resposta. Sabia os fados mas a minha grande preocupação era ter o “tom” certo para cantá-los. Procurei um amigo que toca viola para me ajudar. A ansiedade, o nervoso miudinho que senti e o estar perante quase 100 pessoal no salão, foi o meu maior medo. Mas correu muito bem! Conheci pessoas (músicos e colegas) com quem ia partilhando os meus medos, as minhas questões e que me ajudavam fazendo as suas críticas. Posso dizer que somos bons amigos. Desde então comecei a ser contactado e convidado para cantar. Convidaram-me para participar junto de outras pessoas de Alcácer para interpretar algumas marchas de Alcácer, pelo São João (Junho), organizado pela Sociedade Filarmónica Amizade Visconde de Alcácer. Este ano participei pela primeira vez num teatro de revista amador do grupo cénico da Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba, acompanhado pela filarmónica da mesma, cantando o fado, “Rua dos meus ciúmes”. Tenho feito alguns trabalhos com a filarmónica Progresso Matos Galamba. Participei também no “Maré de Fado”, foi o 1º Festival/Mostra de Fado de Sines, com um elenco do Alentejo Litoral. Iniciei também o meu percurso por Lisboa, em casas de fado. Estive também no passado sábado (16 de Setembro) na Pousada D. Afonso II, em Alcácer do Sal, numa cerimónia de tomada de posse de diplomas dos novos embaixadores do Alentejo/Ribatejo a cargo da organização da Entidade Regional do Turismo (ERT). Por último, irei estar no dia 30 de Setembro pelas 21H00 na tenda das tasquinhas junto de duas grandes amigas com quem partilharei o palco. Um espectáculo inserido na Feira Nova de Outubro. É sempre uma honra poder cantar em Alcácer.

 

S.M. – Quais as grandes referências do fado para si?

F.V. – As grandes referências do fado para mim são Beatriz da Conceição, Amália, António Mourão e Carlos Ramos.

S.M. – Nas apresentações ao público que tipo de repertório escolhe?

F.V. – Depende. Se for numa noite de fado em que o ambiente seja propício a escolha será fado mais melancólico (mais fado) e fado mais castiço que o público aprecia. Gosto de ter uma proximidade e interação com quem me está a ouvir. Caso seja um espectáculo de palco, tento sempre ter em conta o alinhamento do  mesmo. Cantando fados tradicionais e marchas.

 

S.M. – Actuou na pousada de Alcácer na cerimónia nos novos embaixadores do Alentejo. Como foi essa experiência? Estava nervoso por ter na plateia um grande nome do fado, Raquel Tavares?

F.V. – A experiência foi excelente. Uma honra para mim, poder mostrar aquilo que gosto de fazer. É ainda mais orgulhoso para mim e penso que para Alcácer do Sal também, ter sido a cidade que acolheu todo o evento. Sou suspeito, mas acho que não poderia ter sido realizado numa outra cidade. [gargalhadas] Cantar para o público é sempre uma responsabilidade. Por vezes, acontece as tais chamadas “brancas”, que são de todo normal e acontece até aos melhores. Não escondo, senti uma responsabilidade bem mais acrescida pela presença da Raquel Tavares. Houve um “nervosinho” e as pernas tremiam, mas é normal. O estar-se nervoso é sinal de responsabilidade. [gargalhadas]

S.M. – Quais as suas ambições a nível artístico?

F.V. – Poder Cantar. Espero ter a sorte de poder levar aquilo que canto a toda a parte do mundo. Seria um grande sonho realizado.

Retrato:

Nome: Fábio Veríssimo

Idade: 24 anos.

Profissão: Empresário (restauração)

O que mais gosta do Alentejo: – A simplicidade com que vivemos cada dia e a oportunidade de poder disfrutar um pouco de tudo o que o Alentejo tem de  bom. A paisagem, a gastronomia, a natureza, o silêncio e o ar puro que se respira, transmite-nos uma calma e uma paz que não consigo descrever.

Artista referência: Beatriz da conceição

Tema musical que mais gosta: “O senhor extraterrestre”, interpretado pela Gisela João.

Um lugar que mais goste: A minha casa. [gargalhadas]

Um sonho:- conseguir concretizar e disfrutar ao máximo todas as oportunidades e experiências que surgirem.

Uma cor: Azul.

Comida preferida: Cozido à Portuguesa

O destino de sonho: Nova Iorque.