Entrevista com Álvaro Beijinha, presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém: “Reduzimos a dívida em 7 milhões de euros desde 2013”

Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém Álvaro Beijinha

Álvaro Beijinha, presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, eleito em 2013, tem apostado no desenvolvimento do concelho a par de uma gestão rigorosa que já permitiu reduzir a dívida da autarquia em 7 milhões de euros. Em véspera da Santiagro, o maior evento de actividades económicas do município, Álvaro Beijinha revelou que existem investimentos em curso que criarão mais postos de trabalho.

Florindo Cardoso

 Setúbal Mais – Vai reunir com o secretário de Estado das Infraestruturas no próximo dia 27 de Maio sobre as obras inacabadas na Estrada Regional 265-1, entre Santo André e Sines. Está confiante?

Álvaro Beijinha – Confesso que tenho tido várias decepções. Espero que, com este novo governo e secretário de Estado, finalmente se encontre uma solução. No anterior governo, nunca fomos recebidos, apesar dos pedidos de reuniões por parte da Câmara Municipal de Santiago do Cacém. Fomos apenas recebidos no âmbito da CIMAL (Comunidade Intermunicipal Alentejo Litoral), para discutir as questões das infraestruturas da região, com o então ministro e secretário de Estado da tutela, mas nunca tivemos uma reunião específica para discutir este problema. Já reunimos com a Estradas de Portugal (actual Infraestruturas de Portugal), e foi nos dito que há problemas com as concessões, nomeadamente jurídicos. Considero que, bem como a população, que 6 anos são mais que suficientes para resolver este problema. Vamos acreditar que seja resolvido muito em breve.

S.M. – Recentemente realizou-se uma marcha de protesto, como decorreu?

A.B. – A marcha foi organizada por um grupo de cidadãos, onde estive presente, a manifestar a solidariedade da Câmara Municipal de Santiago do Cacém. Penso que foi uma forma muito democrática de exigir uma justa reivindicação. Foi bastante participada. A população luta há 6 anos pela conclusão das obras inacabadas na Estrada Regional 265-1, entre Santo André e Sines. Temos uma estrada em formato de autoestrada com duas faixas em cada sentido. Só que, há 6 anos funciona apenas uma faixa em cada sentido, com limitação de velocidade de 50 km/hora, não sendo possível ultrapassagens. Este é o principal acesso, por exemplo, de 70 % da mão-de-obra do complexo industrial e portuário de Sines. Estamos a falar de milhares de pessoas, a circular por ali, diariamente.

S.M. – Como está a decorrer este ano a gestão municipal?

A.B. – Temos tido um trabalho enorme. Aprovámos a Prestação de Contas de 2015 e posso dizer que reduzimos a dívida, só o ano passado, em 2,5 milhões de euros. Desde o início do mandato, em 2013, já reduzimos a dívida em cerca de 7 milhões de euros, correspondendo a cerca de um terço da dívida total da câmara municipal. Obviamente que isso obriga a uma gestão muito rigorosa e criteriosa, mas não pondo em causa os apoios que temos dado ao movimento associativo e juntas de freguesia e efectuar obras de proximidade que tem sido muito a nossa linha política neste mandato. Não há dinheiro para grandes obras, até porque o novo quadro comunitário está atrasado e ainda não recebemos nada. Apesar disso, iniciámos recentemente uma obra muito importante, que é a ligação da aldeia de Santo André à cidade, que era reivindicada há muitos anos, que terá para além da componente rodoviária, um passeio e ciclovia, num percurso de 3 km. Quando a obra estiver concluída, as pessoas podem circular de uma forma mais segura, de carro, a pé ou de bicicleta. Esta estrada estava em mau estado e por ela passam mais de 4 mil veículos por dia. Não temos apoios de fundos comunitários, sendo a obra completamente paga pelo orçamento da câmara, num valor superior a 900 mil euros.

S.M. – É o maior investimento da câmara?

A.B. – Sim. Tirando os investimentos na área de saneamento, muito significativos, como por exemplos as Estações de Tratamento de Águas Residuais do Cercal e de Alvalade, no âmbito da da parceria com as Águas do Alentejo, este é o maior investimento directo da autarquia.

S.M. – A Santiagro é o maior evento das actividades económicas do concelho. É importante para Santiago do Cacém?

A.B. – Do ponto de vista das actividades económicas é claramente aquele que atrai mais pessoas, embora tenhamos outros importantes como Alvalade Medieval, as Festas de Santa Maria e do Monte, e que gera maior impacto na economia local. Entendemos que a Santiagro não é um custo, é um investimento da Câmara Municipal de Santiago do Cacém que tem retorno. O município tem muita visibilidade e seguramente muitos daqueles que nos visitam a propósito da Santiagro vão regressar noutras ocasiões, durante o ano. Por termos um conjunto de actividades ligadas ao mundo rural, agricultura, pecuária e cavalo, é importante esta montra, que é Santiagro, este ano com 4 dias, de forma a valorizar o trabalho das empresas e das pessoas que aqui trabalham.

S.M. – O concelho de Santiago já é muito importante em termos de investimentos, a nível do país. Continua a haver procura de investidores no concelho?

A.B. – Sim. Temos alguns investimentos que irão concretizar-se em breve. Temos a fábrica da Glowood que investiu 10 milhões de euros em 2012, e agora investirá mais 5 milhões de euros na ampliação uma vez que está a crescer, com 100 por cento da produção para exportação. Temos também novas unidade de turismo e ampliação de algumas existentes como a Herdade da Matinha, uma referência a nível do turismo rural que vai investir mais 1,5 milhões de euros. Um dos maiores empregadores do concelho, a fábrica de congelados Maredeus, com 200 trabalhadores, nas Ermidas-Sado, está com perspectivas de ampliar as instalações.

S.M. – Há ainda um potencial de crescimento no turismo?

A.B. – Sim. Há ainda um grande potencial de crescimento nesta área. Temos um Plano Director Municipal que entrou em vigor há dois meses que potencia investimentos nesta área e outras, sendo uma grande oportunidade porque foi adaptado à realidade e com perspectiva de futuro de um horizonte de 10 a 20 anos. Quem quer investir em Santiago do Cacém encontra instrumentos de ordenamento do território e, de uma forma fácil, encontrar as áreas que pretende.