Cais 3 recebe festa da Seagull: Dia 3 de Junho na zona ribeirinha de Setúbal

No próximo dia 3 de Junho, sábado, entre as 22h00 e as 6h00, vai realizar-se a festa “Let’s Rock”, para reavivar o espírito da Seagull, num edifício no Cais 3 do porto de Setúbal, com DJ sets de António Patronilho – que era cliente habitual e DJ na antiga discoteca e DJ Mancha. A banda sonora é pop rock da época.

Mesmo que não tenha a mesma dose de loucura que há 20 ou 30 anos a festa promete atrair muita gente a exemplo que aconteceu em anos anteriores noutros locais como o Parque Urbano de Albarquel e Tróia.
Os bilhetes estão à venda por 20 euros, com direito a duas bebidas, em locais como a “Taberna do Largo”, “Beco da Ribeira”, “Novo 10”, “Adega Horácio Simões”, “Casa das Tortas de Azeitão” ou no “Sushima”, em Lisboa. A festa acontece entre as 22 e as seis horas.
Recorde-se que nos anos 80 e 90, a Seagull, na Arrábida, entre a Figueirinha e Galapos, tornou-se uma discoteca mítica pelas suas festas temáticas, atraindo milhares de pessoas vindas de várias partes do país.

As quartas-feiras eram o dia das festas temáticas no Verão e as regras eram cumpridas a rigor. Que o diga, Carlos Manuel, antigo jogador do Sporting, que teve de rasgar a camisa e cortar as calças num dia em que o objectivo era ter o mínimo de roupa vestida.
Outra festa insólita era a do cavalo. Só podia entrar no Seagull quem viesse montado num. Imagine o que era entrar na serra da Arrábida e ver cento e tal pessoas a cavalo, vindas de Azeitão.
Naqueles tempos loucos, o jornalista Miguel Sousa Tavares escreveu um artigo no jornal “Expresso”, a propósito das melhores discotecas, que a Seagull era “uma discoteca que tinha boa música e onde nunca sabíamos o que íamos encontrar”.
O local que tinha sido uma casa de férias de um arquitecto britânico famoso, Eduardo Anahory, autor dos cartazes nas campanhas publicitárias da TAP (1960), mentor da construção do Hotel Porto Santo, na Madeira, ou da ideia de criar uma piscina flutuante na praia do Tamariz (1967), foi comprado por Alfredo Martins, no início dos anos 80, ampliando-o.
Às 8 horas de 10 de novembro de 1998, o gerente abriu a porta da Seagull e devido a uma fuga de gás, registou-se uma explosão. Era o fim da Seagull. O proprietário ainda tentou nos últimos anos, até 2013 nos tribunais, a reconstrução do espaço mas foi bloqueado pelas entidades competentes como o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade, Protecção Civil e a Câmara Municipal de Setúbal, alegando que o objecto da licença já não existia.
Desde 2008 que se realizam festas anuais em memória da mítica discoteca, entre a última semana de Maio e a primeira de Junho. O evento é um sucesso, e todos os anos tem juntado entre duas mil a 2.500 pessoas. Os antigos clientes da discoteca, a alguns já com filhos em idade de se juntarem à festa, dançam ao som dos hits que passavam na Seagull.