Comunicação social é essencial para a democracia

O novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que ontem tomou posse para um mandato de cinco anos, esteve sempre ligado à comunicação social, e daí ter a percepção das dificuldades que o sector actualmente atravessa a nível nacional e internacional.

Na passada semana, dirigindo-se a uma plateia de convidados, na sua maioria alunos do curso de comunicação social, na Escola Superior de Educação de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que “é preciso heroísmo para continuar o percurso na comunicação social”, tendo em conta a componente financeira que “condiciona” os media.

O Presidente da República que falava na conferência promovida pela TSF para celebrar os 28 anos da rádio e homenagear Emídio Rangel, já desaparecido, sublinhou que o “panorama do sector é muito difícil” porque “há uma componente financeira que está a condicionar os órgãos de comunicação social em vários países”. “É preciso heroísmo para continuar o percurso na comunicação social hoje”, acrescentou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa confessou que é “um apaixonado” pela comunicação social. Por isso, acredita que vale a pena os jovens lutarem para tentarem dar o seu contributo ao sector.

O chefe de Estado considera que “o papel da comunicação social é essencial para a democracia”. Por essas razões, mesmo tendo em conta o complicado cenário do sector, voltou a apelar: “Têm de sonhar. É um dever [que os jovens devem ter]”.

Marcelo Rebelo de Sousa recordou ainda os seus primeiros passos no mundo do jornalismo, impulsionados por Emídio Rangel, um dos responsáveis pelo nascimento da TSF. “Era impossível resistir ao charme de Emídio Rangel. Era ilimitadamente charmoso”, frisou, relembrando que aceitou ir trabalhar para a TSF para fazer o programa Exame (que consistia em dar notas aos protagonistas da esfera política) em troca de um microfone americano que Emídio Rangel tinha. “Depois arrependi-me, criei imensos inimigos”, acrescentou.

O Presidente da República não poderia estar mais certo. Os desafios colocados aos órgãos de comunicação social e aos jornalistas são extremamente complexos. A componente económica e financeira acaba por ser determinante para os projectos em detrimento do interesse público das notícias. Nos últimos meses, assistimos a projectos com imensas dificuldades. Para além do emagrecimento das estruturas das empresas de comunicação social com despedimentos, existem outros projectos que estão em risco, devido a constrangimentos financeiros. Após o Sol e jornal I se terem reestruturado, implicando o despedimento de várias dezenas de jornalistas, recentemente foi dada conta da situação dos projectos do grupo do Diário Económico. Aqui, os trabalhadores com alguns meses de salários em atraso, enfrentam o futuro com incerteza.

A nível regional o problema também é colocado, com o desaparecimento de vários títulos nos últimos anos. Os projectos acabariam por fechar devido à falta de recursos financeiros. É triste assistir a concelhos que não têm um órgão de comunicação social, existindo apenas os de carácter distrital como é o caso do Jornal Setúbal Mais que chega a todo o distrito de Setúbal e Odemira. É preciso repensar a lógica do interesse da comunicação social, sobretudo a nível local. Isso passa pelo apoio do agentes económicos ao sector, não colocando em causa a sua independência editorial.

Temos todos de lutar por uma comunicação social forte e que defenda os interesses das pessoas.