Entrevista com Quim Gouveia, cantor:
Quim Gouveia, com 52 anos, é um cantor setubalense que alcançou grande êxito nacional com o tema popular “Queres Ketchup, Maria?”. Com 37 anos de carreira, Já percorreu Portugal de lés a lés. Mais tarde lançou o projecto “Cantigas do Vinho/Cantigas do Pão”, uma viagem pelos campos, que quer levar por diversas terras de Setúbal e do país.
Florindo Cardoso
Semanário Setúbal Mais – Já passaram alguns anos sobre o grande sucesso popular “Queres Ketchup, Maria?”, que o lançou como artista nacional. As pessoas ainda se recordam desta canção?
Quim Gouveia – Sim, ainda se lembram. Foi um tema muito marcante à época que ainda hoje é recordado.
S.S.M. – Vivia-se o grande boom da música popular portuguesa. O que mudou desde então?
Q.G. – Penso que não mudou nada. As feiras, festas e romarias continuam a procurar este género de música que, entratanto, também não evoluiu. Ouve-se uma canção, estão todas ouvidas. No essencial nada mudou a não ser terem aparecido novos artistas.
S.S.M. – Viver da vida artística em Portugal é difícil?
Q.G. – Muito, quase impossível. Não existe uma segurança que nos permita manter um número de espectáculos todos os anos que nos garanta o pão para o dia-a-dia. Hoje faz-se um êxito, amanhã está ultrapassado. São carreiras algo efémeras.
S.S.M. – Como eram os tempos do início da tua carreira? Na altura cantava os clássicos da música ligeira?
Comecei a pisar palcos e a compôr com 15 anos. Já fazia os meus próprios temas de índole popular/intervenção. Mas também cantava canções de outros autores como o José Afonso, até à música de baile. Cheguei a ser o mais novo vocalista de baile do distrito de Setúbal.
S.S.M. – As pessoas conhecem a faceta popular do cantor Quim Gouveia. Já pensou gravar noutro registo?
Q.G. – Tenho gravado noutros registos mas são edições de autor para amigos. Há um público restrito que não permite grandes veleidades. A música mais popular e os grandes nomes do rock, por exemplo, vendem. A partir daí é tudo mais complicado.
S.S.M. – O projecto “Cantigas do Vinho/Cantigas do Pão” é para continuar?
Q.G. -Sim. É um projecto muito bonito e feliz. É uma viagem pelos campos onde se canta e fala do vinho, do pão, da terra, das gentes e da força do trabalho. É um projecto intenso e muito rico culturalmente.
S.S.M. – Neste momento, quais os projectos musicais que pretende concretizar?
Q.G. – Essencialmente este que acabámos de falar. Sei que não é fácil mas vou ser persistente. Recomecei os ensaios e em breve vou reapresentá-lo em Setúbal e no país.
S.S.M. – Qual o maior sonho a nível musical que gostaria de realizar?
Q.G. – A música não me deve nada. Ao longo destes 37 anos como artista já experimentei muitas nuances no campo da música. Fico com uma pontinha de inveja por não ter participado no espectáculo “Três cantos” mas, claro, é coisa em grande para grandes músicos: José Mário Branco, Fausto e Sérgio Godinho. Talvez um dia tenha oportunidade de realizar um espectáculo com aquela dimensão e valor cultural.
Retrato
Nome: Quim Gouveia
Idade: 52 anos
Naturalidade: Setúbal
Residência: Setúbal
O que mais gosta em Setúbal? Dos amigos
Qual o seu local favorito? A minha casa
A imagem que guarda de Setúbal? Um poema à beira-mar
Prato favorito: Enguias fritas
Uma música: A cor dos malmequeres
Um artista: Fernando Pereira
