1.º Fórum Empresarial da AISET foi um sucesso – Empresários pedem fundos comunitários para região

O director executivo da AISET – Associação da Indústria da Península de Setúbal, Nuno Maia, considera que é “imperiosa necessidade deste território reassumir a sua tipologia de NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatístico) III e voltar a ser elegível para obter financiamento comunitário, em justa concorrência com outras regiões do país, revertendo assim a recente tendência de divergência de rendimento face à média nacional e comunitária, através de justa e proporcional captura da riqueza gerada endogenamente. Nuno Maia falava na sessão de encerramento do 1.º Fórum Empresarial “Que rumos para a industrialização”, que decorreu a 24 de Outubro, no Centro Tecnológico da Mutela, na Margueira, Almada.

“Se, com as limitações já enunciadas, logramos atingir valores significativos do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e das exportações portuguesas, através das nossas empresas, é fácil concordar que, com adequado financiamento, poderemos alcançar um muito melhor desempenho e, designadamente ocupar uma parte significativa do capital humano neste momento subaproveitado na península”, salienta o director executivo da AISET.

Para Nuno Maia, “estes investimentos terão que ser aduzidos por empresas sólidas e competitivas, com projectos sustentáveis, inovadores e realizáveis, liderados por empresários e equipas de gestão credíveis, competentes e com capacidade de execução, para não reincidirmos em facilitismos e megalomanias que no passado pesados danos nos causaram”.

O responsável garantiu já um segundo fórum após o sucesso deste “primeiro grande evento institucional da AISET, recente associação empresarial que completa agora apenas o seu quarto ano de existência”.

“Anima-nos a certeza de que nos reencontraremos em breve, pois estamos apenas no início desta nossa longa jornada que queremos empreender com todos os que acreditam que esta península tem um futuro industrial de grande fôlego, contribuindo para uma economia nacional mais forte, alimentada por empresas sustentáveis, robustas e saudáveis que criam e mantêm emprego de qualidade e promovem uma efectiva coesão social”, salientou Nuno Maia.

“A Indústria que temos e queremos ter nesta península, é uma indústria de nova geração, digitalizada, talvez exponencialmente digitalizada, e que por isso não pode dispensar as pessoas, um capital humano de excelência, que queremos bem capacitado e apto a vencer desafios, capaz de empreender e inovar. Temos ainda na região, felizmente, potencial demográfico que não podemos desperdiçar, nem ceder a outrem: formar técnicos e gestores de excelência e reter este talento nas nossas Empresas é uma tarefa de décadas que não mais podemos retardar”, concluiu Nuno Maia.

Este 1.º Fórum Empresarial contou com a presença de cerca de centena e meia de participantes, entre os quais o secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, o presidente da CIP (Confederação Empresarial de Portugal), António Saraiva, o director da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Virgílio Cruz Machado, o presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, Pedro Dominguinhos e o director da ATEC (Academia de Formação), João Costa, entre outros.

Fundada em 2014, pelas principais empresas da Península de Setúbal, a AISET tem actualmente um total de 64 empresas industriais associadas, que representam cerca de 3,5% do PIB, um valor de 6 mil milhões de euros, e cerca de 17 mil postos de trabalho.


Fundos comunitários para a península de Setúbal

Plataforma pede reuniões aos grupos parlamentares

A Plataforma para o Desenvolvimento da Península de Setúbal (PDPS), constituída pela Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET), a Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Turismo do Distrito de Setúbal (ACISTDS), a Cáritas Diocesana de Setúbal e o Movimento Pensar Setúbal, já solicitou reuniões aos grupos parlamentares para apresentar o estudo sobre o estado económico e social da região. A novidade foi revelada por Carlos Martins, secretário executivo da AISET, e responsável pelo estudo “NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos) Península de Setúbal: caminho para o desenvolvimento”, que apresenta a situação dos fundos comunitários e como a região é prejudicada por estar integrada na Área Metropolitana de Lisboa (AML).

“Cada mês que passa é mais um mês perdido e nesse sentido a plataforma vai fazer a abordagem directamente aos grupos parlamentares”, disse Carlos Martins, adiantando que “vai continuar a desenvolver contactos com o governo e queremos envolver, cada vez mais, a população da península de Setúbal através das suas instituições”.

O responsável salientou a península de Setúbal é a quarta região mais pobre do país e a que mais se afastou da média europeia, alertando que estes indicadores estão ligados à inserção da Península de Setúbal na NUTS II e III da AML, e à consequente redução de fundos comunitários.

Entre 2000 e 2016, o PIB ‘per capita’ da península de Setúbal passou de 68% da média europeia a 55% e a península de Setúbal é a região em Portugal que mais se afastou da média Europeia.

A plataforma realizou, desta forma, um estudo (“NUTS Península de Setúbal: Caminho para o desenvolvimento”) para provar que a inclusão da península de Setúbal na AML fez a região perder fundos comunitários, por causa do PIB ‘per capita’ da AML

Por este motivo, a plataforma pretende que a península de Setúbal volte a ter acesso aos fundos comunitários, ajudando a dinamizar a região e o investimento empresarial e social.

O secretário da AISET e autor do estudo, Carlos Martins, demonstrou na apresentação como “ambas as regiões têm condições para ser NUTS II autónomas” e como tal poderia receber mais de 2 mil milhões de euros em fundos comunitários.

Para se ser considerado NUTS II deve-se ter um mínimo de 800 mil habitantes. “Efectivamente a península de Setúbal tem 782 mil habitantes, por isso temos condições para ter um tratamento específico”, justificou.

Além disso, segundo o autor do estudo, os municípios da Península de Setúbal, apesar de corresponderem a “28% da população residente total da Área Metropolitana de Lisboa”, apenas contribuem com “9% do Valor Acrescentado Bruto das empresas”.

Outro indicador da “discrepância”, de acordo com Carlos Martins, é o facto de seis dos municípios da península de Setúbal terem um rendimento inferior a cinco mil euros ‘per capita’, enquanto na margem norte do Tejo, apenas Odivelas tem rendimentos inferiores.

“Isto acontece com maior intensidade na península de Setúbal, porque há muitas pessoas que trabalham na margem norte, mas quando há desemprego registam-se nas suas zonas de residência”, explicou.

Carlos Martins lembrou que a península de Setúbal e a margem norte da AML “são duas regiões com duas velocidades de desenvolvimento, duas dimensões sociais e dois territórios distintos”. Por estes motivos, o responsável referiu que “a península de Setúbal tem características para constituir uma nova NUTS II e é por direito, uma NUTS III”.